| Pena, que impressão fica depois de seus encontros com os negociadores 
        brasileiros? Bom, a impressão que fica depois de tantas reuniões e contatos 
        pessoais e pelo telefone é que este processo vai continuar, tem 
        que continuar. Falo do processo de negociação contínua. Nesses contatos que fala Pena tentaram identificar quais eram os problemas. 
        Um deles é a preca- . riedade que está começando 
        nas condições de acesso aos respetivos mercados. "E, desde a nossa perspectiva, o acesso ao mercado do Brasil; isso 
        é o que estamos expondo", disse o subsecretário. A diferença entre um país e o outro é que "nós 
        acreditamos què as licenças prévias que colocou o 
        Brasil são contrárias aos acordos do Mercosul, e eles acham 
        que não", explica Pena. Frente a esta situação, ativou-se o mecanismo de solução 
        de controvérsias do Mercosul, já que, logo de passar pela 
        Comissão de Comércio e o Grupo de Mercado Comum, cada parte 
        continuava mantendo sua tese. Agora será o turno de um tribunal 
        arbitrario quem tem razão. Brasil avisou que ia tomar estas medidas ou vocês ficaram tão 
        surpresos como os empresários? No meu caso, eu sou be pelos anúncios que fizeram na imprensa 
        e no Boletim Oficial do Brasil.Mas como teve um momento que esta va o 
        anúncio mas não a publicação, o primeiro que 
        a gente fez foi per guntar aos funcionários se as medidas estavam 
        vigentes ou não. E que disseram? Que a idéia não era perturbar o comércio dentro 
        do Mercosul e que estavam dispostos para corrigir qualquer problema que 
        pudesse surgir no comércio. Em varios momentos da entrevista, Pena destacou esses dois conceitos; 
        por um lado, "acreditamos no Brasil porque é o nosso sócio" 
        e, por outro, "Brasil afirmou que não quer prejudicar o comércio 
        dentro do Mercosul". Mas, ao mesmo tempo tem que ficar alerta. "Por isso pedimos aos 
        empresários que na hora informem à gente de qualquer problema 
        que puderem ter", agregou Pena. Os negociadores argentinos fizeram uma proposta orientada à idéia 
        central do Mercosul: "Aponta ao conceito de comércio interno 
        que, no último passo (não me perguntem quando) levará 
        a eliminar as alfândegas dentro do Mercosul", aclara Pena. 
       Dado que Félix Pena esteve desde o primeiro dia nas negociações, 
        era um dos homens indicados para fazer a pergunta do milhão: Quando o Brasil estabelece as licenças prévias, por 
        que causa faz isso?  Argumentam que estão fazendo isso para dar mais fluidez ao comércio, 
        e para informatizar os requerimentos que antes eram mais burocráticos. 
        Reconhecem que as demoras podem ser maiores transitoriamente, mas afirmam 
        que as medidas procuram facilitar o comércio. O Brasil diz que 
        não vai parar ninguém na fronteira e nós dizemos: 
        "mas pode fazer isso". Esse é o enredo de tudo. Em abril Peña falou que a presença argentina no Brasil 
        estava muito mais abaixo do que podia estar. "Sim. Tem um relatório 
        do Consulado Geral em São Paulo que fez uma medição 
        da procura potencial de bens de origem argentina que existe no Brasil", 
        comenta para esta revista. "Tomaram 850 produtos e chegaram à 
        conclusão de que estávamos cobrindo só um 25% das 
        importações brasileiras desses mesmos produtos. Isso indicaria 
        que temos um problema de oferta porque não temos o suficiente como 
        para cobrir além dessa porcentagem". Para melhorar esses níveis de penetração, os argentinos 
        deverão produzir mais, mas as regras brasileiras deverão 
        ser mais claras para evitar problemas e maus entendidos. Ou talvez será 
        que, como diz Fétix Pena, deveremos nos acostumar a que "a 
        construção do Mercosul é uma história de sobressaltos 
        contínuos". |